A segunda luta de uma boxeadora brasileira em Londres foi marcada pela
gritaria. A baiana Adriana Araújo fez luta parelha pelo peso-leve (até
60kg) em sua estreia nas Olimpíadas, contra Saida Khassenova, do
Cazaquistão. Saiu em desvantagem, fez ajustes na estratégia e, empurrada
pelos gritos da torcida brasileira, cresceu no combate. A cazaque, com
apenas um torcedor a seu favor, cansou a partir do terceiro round. O
apoio vindo das arquibancadas ajudou Adriana a virar o placar e vencer
Khassenova, mesmo após sofrer uma punição no último assalto, por 16 a
14. Com o triunfo, Adriana se classificou às quartas de final do torneio
olímpico, onde enfrenta Mahjouba Oubtil, do Marrocos. Se vencer,
garante a medalha de bronze, já que todos os semifinalistas sobem ao
pódio no boxe.
- A luta foi difícil. Estamos nas Olimpíadas. Todo mundo veio aqui para
vencer. Eu sabia que nenhuma luta seria fácil para mim, mas eu tenho
certeza que as minhas adversárias sabem que eu também não serei fácil
para elas. Vou manter o mesmo foco com o ímpeto de sair daqui com
medalha - disse a brasileira, quinta colocada do ranking mundial.
Se na primeira luta de brasileira do dia, uma punição fez a diferença contra Érica Matos,
desta vez, Adriana quase pôs tudo a perder com um golpe ilegal no
último round. A brasileira, não entendeu um comando de abertura de
contagem do árbitro para a cazaque, já grogue, e continuou golpeando seu
rosto. Por conta disso, a baiana recebeu uma punição, acrescentando
assim dois pontos para a cazaque. Quando o replay apareceu no telão, a
torcida virou contra a baiana, passando a vaiá-la pela falta de
esportividade. Em desvantagem, Adriana partiu para cima e atacou com
tudo. O árbitro abriu uma segunda contagem para Khassenova, e a cazaque
passou a ficar em risco de ser derrotada com mais um nocaute. O round,
porém, terminou antes que Adriana conseguisse a queda.
Mesmo com a falta, a brasileira foi anunciada vencedora no round final,
por 6 a 5, e na luta, por 16 a 14. Gritou muito, deu soco no ar, mesmo
sob vaias por conta do golpe baixo durante a contagem, e soltou a mão do
árbitro, que ficou perplexo - deveria erguer seu braço e mostrá-la ao
público. Não importava:
Adriana Araújo era a primeira mulher do país a
vencer uma luta de boxe nas Olimpíadas.
Começo apreensivo e virada empurrada pela torcida
De vermelho, Adriana começou exalando confiança e tomou o centro do
ringue. Khassenova se movimentava ao seu redor, mas seus golpes passavam
em branco ou paravam na boa guarda da brasileira. Adriana, por sua vez,
aguardou a adversária vir em sua direção para atacar e acertou alguns
bons ganchos e uppers. A cazaque, todavia, acertou alguns jabs e diretos
e acabou saindo em vantagem de 3 a 2 no primeiro round.
A brasileira voltou mais cautelosa no segundo round, mas ainda levou
alguns golpes no início. Conforme o assalto se desenrolou, Adriana se
soltou mais e passou a atacar e pressionar a rival. Em alguns momentos,
ainda deixou a guarda aberta e sofreu alguns rápidos jabs e diretos,
suficiente para manter o equilíbrio no round. Os árbitros pontuaram 4 a
4, mantendo a cazaque à frente por 7 a 6.
Adriana manteve-se no centro do ringue no terceiro round, mas ainda
mais preocupada em proteger o rosto. Khassenova se movimentava e
acertava jabs seguidos nas luvas da brasileira, que encaixou um bom
direto de direita. A cazaque, teve bons momentos no final do round, mas a
nova estratégia funcionou e Adriana fez 4 a 2 na parcial, virando o
placar para 10 a 9.
A torcida a seu favor aumentou o volume. Uma torcedora não parava de
incentivar: "Acredita, acredita! Você pode!" Adriana podia. Mais
confiante, a brasileira manteve a guarda alta no começo do último round e
acertou bons diretos de direita, que a colocaram em vantagem antes de
toda a confusão com o golpe baixo.
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